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O teaser trailer de Star Wars – Rogue One

Está oficialmente aberta a nova temporada de hype de Star Wars!

Saiu semana passada o primeiro teaser trailer do novo filme da Saga Star Wars. Esse filme vai contar a história anterior ao Episódio IV (o primeiro filme, de 1977). Nessa história, um grupo de membros da Aliança Rebelde consegue roubar do Império os planos da Estrela da Morte, com a esperança de conseguir descobrir detalhes a respeito da nova arma do Império e, se possível, encontrar alguma vulnerabilidade.

Todos já conhecemos aonde vai dar essa história… os planos acabam nas mãos da Princesa Leia, que parte para se encontrar com a Aliança, para que os planos sejam analisados. E, se você está lendo este blog, não precisa que eu conte o resto.

Análise do trailer

Várias análises do trailer já foram publicadas por aí. Cada detalhe já foi esmiuçado, cada personagem que aparece já foi analisado, e muitas teorias já foram lançadas ou relembradas. Por isso, não pretendo fazer isto aqui. Desculpe se o título da seção te enganou. A verdade é que eu não acho que o conteúdo de um teaser trailer seja suficiente para qualquer tipo de análise. Simplesmente não há informação suficientes sobre nada para quaisquer conclusões. Existem dicas, fatos implícitos e coisas assim, mas isso tudo depende de uma grande dose de chute. O que significa que pode (e provavelmente vai) estar errado.

Por isso, minha “análise” do trailer na verdade é mais uma lista de coisas que me vieram à mente quando o assisti:

Igualdade de gênero

A protagonista é, mais uma vez, do sexo feminino. Isso é ótimo, visto que os produtores aproveitaram o fato de serem personagens novos para introduzir uma protagonista mulher; diferentemente de outros lugares, onde personagens que tradicionalmente são homens terem sido… “transformados”. Infelizmente isso não é suficiente. Como visto neste post do blog Collant sem Decote e principalmente nesta pesquisa que o post cita, o número de falas ainda tem sido muito desequilibrado. De 2004 filmes analisados, apenas 175 (8,7%) têm predominância de falas de personagens femininos. O percentual masculino é de 75,1% (1506 filmes). Que esse desequilíbrio aconteça pontualmente é compreensível, já que cada história tem suas peculiaridades. Mas quando isso é algo generalizado, talvez haja algo de errado.

O que eu gostaria de ver é a igualdade de gêneros efetivamente praticada. Ou seja, na média, uma quantidade parecida de falas para homens e mulheres. Não estou falando deste ou daquele filme – cada história, como já mencionei, tem suas particularidades, e por isso pode (e deve!) ter lá seus desequilíbrios quanto a isso. Mas, considerando uma ampla gama de filmes de todos os gêneros e estilos, estatisticamente falando, o equilíbrio ainda está longe.

Rogue One não é exceção. Apesar das reclamações de uns e outros, ainda há predominância de falas de personagens masculinos.

Pessoalmente, eu adoro mulheres fortes.

Star Wars sem Star Wars

Rogue One – a Star Wars Story não apresenta certos elementos que são absolutamente emblemáticos na saga. A saber, não devem haver nem jedi nem sith. Essa história é algo mais “mundano”, por assim dizer, no sentido em que não há cavaleiros andantes com poderes místicos, espadas de laser, fantasmas de velhos sábios ou outros ícones pelos quais todos conhecem Star Wars. Darth Vader pode ser a exceção a isso se os rumores da aparição dele se confirmarem. E, pra ser sincero, isso é ainda mais interessante nesse filme, porque a galáxia não é formada apenas por seres superpoderosos que usam a Força. Na verdade a imensa maioria dos seres vivos da galáxia não tem nenhuma conexão palpável com ela. E são eles que vivem e morrem nas guerras. A luta entre o Império Galático e a Aliança Rebelde não é a luta de Luke Skywalker contra Darth Vader; é algo do qual ambos são partes importantes, mas é maior que isso. Este filme parece buscar esse aspecto. Em outras palavras, não precisa ser jedi ou sith para fazer a diferença na galáxia.

Muito embora seja bom notar que, no universo Star Wars, às vezes tem-se a impressão de que a excelência está relacionada à Força de uma forma ou de outra, então tecnicamente qualquer pessoa que se destaca tem uma conexão maior com a Força que a média da população. Ou seja, de certa forma, não estamos vendo apenas pessoas “comuns” mas sim pessoas que têm alguma sensibilidade, mas não chegaram a ser “Force-users”.

A Jornada do herói

Deixei o aspecto mais interessante por último. Segundo o trailer, a protagonista é uma pessoa que por algum motivo é capturada pela Aliança e acaba sendo cooptada para executar uma missão de alta importância – e alto risco. E, ao assistir o trailer pela segunda, terceira vez, uma coisa começa a ficar mais clara: os passos dela são os passos clássicos do monomito de Joseph Campbell. Isso significa boas notícias, pois a Jornada do Herói é um tema recorrente no universo Star Wars (existe até uma certa alegação de que George Lucas teria inspirado a história original no trabalho do Campbell). Do início relutante à partida em uma missão, Jyn Erso apresenta vários traços do arquétipo do herói. Isso é apenas uma suposição minha, naturalmente, mas essa, talvez, seja a referência mais interessante ao original.

Se você não conhece ou nunca ouviu falar de Joseph Campbell, você sabe o que fazer.

Conclusão

Sejamos honestos: um teaser trailer, por mais referências que possa ter, contém muito pouca informação para qualquer conclusão. Este post contém apenas algumas impressões a respeito desse trailer. Ainda há bastante tempo até dezembro e, para ser honesto, não pretendo entrar tão fundo assim no hype – acho que existe uma dose certa de hype para curtir o clima do filme sem estragar a história.

Esse mistério a respeito dos personagens ajuda a deixar o filme mais interessante. Analisar cada frame de um clipe de poucos minutos (1:39, para ser mais exato) é um despropósito, um desperdício de tempo que no fim das contas apenas gera uma expectativa gigante que pode estragar o filme. Se estou curioso com o papel de Forrest Whittaker? Certamente. Se estou intrigado com o Mads Mikkelsen nem ter aparecido no trailer? Muito. Mas essa expectativa é melhor do que chegar ao filme com uma história já pronta na cabeça, só para depois achar o filme ruim porque seguiu em outra direção.

Por último, vou deixar aqui a declaração/promessa de Jyn Erso, como quem diz “eu sou a pessoa que você está procurando e nem sabia”:

“Isto é uma rebelião, não é?”
“Eu me rebelo”


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