de Finibus Bonorum et Malorum



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Venho ruminando este post há alguns dias. A idéia é comparar Buenos Aires com São Paulo, mas em vez de uma comparação direta, vou fazer isso através das coisas que observei até agora.

Uma das primeiras coisas que notei foi a quantidade de táxis nas ruas. É realmente impressionante, para qualquer lado que você olhe dá pra ver pelo menos dois. Eles estão por toda parte. Em ruas mais afastadas do centro eles são menos comuns, mas ainda muitos.

Por falar em ruas, é notável a civilidade do trânsito aqui, certamente bem maior do que eu esperaria de uma cidade do tamanho de BsAs. Quem não está acostumado reclama – dizem que o trânsito é uma bagunça e que andar a pé é perigoso. Certamente não para quem está acostumado com São Paulo. É até meio estranho ver que os pedestres não têm nada a temer ao atravessar a rua quando estão na faixa e o sinal está aberto para eles: os carros param e esperam pacientemente até que seja possível passar. Ninguém reclama, ninguém buzina, quando muito vê-se uma cara feia. Mas eu não arriscaria atravessar fora da faixa ou com o sinal fechado – aí é pedir pra ouvir um monte. Até mesmo os outros pedestres te olham torto. Eu, com minha mania paulistana de andar sempre com pressa, já passei por isso.

Outra coisa notável sobre o trânsito aqui tem a ver com os pedestres. Aqui, como em qualquer lugar, há pessoas que andam devagar, pessoas que andam depressa, pessoas que correm, etc. A diferença é que todas se entendem. Ninguém liga se esbarrar em outra pessoa. É algo que acontece e eles entendem que nem todo mundo anda do mesmo jeito. Já vi gente sair no tapa em São Paulo por muito menos.

Em compensação, é mais difícil respirar por aqui. O ar é realmente mais sujo, muito embora a cidade seja bem menos movimentada. O problema, em grande parte, são os ônibus, que são muitos, velhos e mal-regulados em sua grande maioria. E não têm bilhete único.

Em contrapartida, nunca vi um ônibus sequer lotado a ponto de ninguém mais entrar. As pessoas fazem questão de sair do caminho, ninguém fica aglomerado na porta. E, mesmo que não haja bilhete único, a tarifa é muito barata – custa no máximo 2 pesos (pouco menos que 1 real). Eu disse no máximo porque essa é realmente a tarifa máxima – você paga de acordo com o lugar onde embarca e onde desembarca. É difícil ter certeza se todo mundo realmente paga o que deve, mas a impressão que fica é que ninguém está interessado em levar vantagem.

Aliás, tenho um “causo” pra contar sobre isso. Ontem eu estava voltando para casa e um rapaz notou que havia uma moeda de troco sobrando na máquina (os ônibus só aceitam moedas por aqui). Ele pegou a moeda, chegou pra moça que entrou antes dele no ônibus e perguntou “essa moeda é sua?”, e a moça respondeu “acho que não”. Os dois discutiram por uns momentos, nenhum dos dois querendo ficar com a moeda, que aparentemente não era de nenhum deles. No fim da contas a moça pegou a moeda e, em vez de ficar com ela, devolveu-a na máquina! Fiquei imaginando como isso teria se desenrolado no Brasil…

E encontrei um pequeno paradoxo por aqui também. Nos bairros mais “nobres” é comum ver as pessoas passeando com os cachorros. Algumas pessoas fazem isso elas próprias, outras preferem contratar “paseaderos” pra fazer isso. O resultado é uma coleção de várias cores, formatos e tamanhos nas calçadas. Como se isso não bastasse, é comum ver alguém jogando lixo no chão. Entretanto, aqui não vejo tantas latas de lixo como em São Paulo. O paradoxo vem agora: tirando as surpresas que os cachorros deixam pra trás, as calçadas aqui são mais limpas que as de São Paulo. Vai entender.

Por enquanto é isso. Não é tudo que tenho pra falar, mas o resto é tema para outros posts.

Hasta luego.


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