O final do semestre passado marcou o final de uma época confusa, três anos e meio atuando como professor.
Como em quase tudo na vida, houve coisas boas e coisas ruins nessa atividade; mas a verdade é que eu não estava feliz com aquilo. Estava precisando de uma mudança radical, e de certa forma é uma boa coisa que eu tenha recebido essa oportunidade de quebrar a inércia e partir em busca de algo que realmente me satisfaça.
Não que seja uma situação confortável. É uma merda, estou desempregado e é uma sensação terrível não saber até quando ficarei assim. Mas, ao mesmo tempo, não poderia haver momento melhor de rever alguns conceitos, incluindo o que eu espero da minha carreira.
No Brasil existe uma dicotomia prejudicial no que se refere à formação superior: existem dois caminhos possíveis, e mutualmente exclusivos. Se você decide ficar na Academia, então esqueça o mundo corporativo: ele não é para você, e se você se envolver vai se tornar “material contaminado”. Bancas em geral vão te menosprezar por ter “se vendido” e por ser “impuro”. Afinal, no Brasil o caminho da graduação ao concurso é suave, com mestrado, doutorado, pós-doutoramento… tudo isso é bastante fácil de conseguir e não existe problema com financiamento ou incentivos à carreira acadêmica…
…só que não.
Para quem está no mundo acadêmico existe uma impressão muito forte de que a única opção é obter o PhD e entrar no ciclo de pós-docs até conseguir passar num concurso e virar docente. Como se não houvesse qualquer outra alternativa imaginável para quem decide obter graus de formação avançados.
Depois de alguma conversa com quem saiu dessa ciranda, tenho a impressão de que isso só acontece nestas paragens retrógradas e engessadas da “Pátria Educadora”. Lá fora mercado e academia se conversam muito bem, e de fato é essa união que funciona como grande motor para a inovação e o progresso científico. Não somente em termos de oportunidades para quem está finalizando sua formação, como também em termos de novas idéias, perguntas que precisam ser respondidas e – principalmente – financiamento.
Não sei se esse caminho é o que eu vou trilhar daqui para a frente. Felizmente existem alguns caminhos que posso procurar seguir, e ao contrário do que eu imaginava existe até a possibilidade de escolha. Talvez o único obstáculo na minha frente seja eu mesmo.
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