de Finibus Bonorum et Malorum



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Adiós, 2020

Poop.

E lá vamos nós para o post mais previsível deste blog: o review anual.

Acho que a única coisa constante aqui é justamente que todo ano eu tento fazer um balanço do ano que termina e falar do que eu espero do ano que começa.

Desnecessário dizer, 2020 foi um ano de merda. Não só por causa da pandemia que ferrou a vida de todo mundo, mas também por diversos outros fatores.

Não estou com paciência pra ficar escrevendo um post com seções diferentes, nem pra ficar 2 horas verificando o SEO pra ver se “tá tudo em ordem” antes de postar este texto. Vou escrevendo e vai do jeito que ficar mesmo. Só traduzo pro inglês se tiver paciência (talvez faça isso amanhã).

Uma das coisas que mais gosto de escrever nem é o fato de colocar as minhas idéias do papel (metaforicamente), mas o movimento das mãos no teclado, ficar assistindo as palavras surgindo na tela conforme as letras vão aparecendo em resposta ao movimento coordenado dos dedos e das mãos. É um ponto de certo orgulho pra mim o fato de que eu sei datilografar muito bem, embora nunca tenha feito um curso de datilografia propriamente dito (pois é, eu sou velho o suficiente pra ter vivido em uma época em que escolas de datilografia, que a gente podia ouvir a vários quarteirões de distância, ainda eram coisa comum).

Enfim, como eu ia dizendo, 2020 foi um ano de merda.

Só a existência de uma pandemia que forçou as pessoas a se isolarem em casa já teria sido bem ruim. Não que eu me incomode de ter ficado tanto tempo em casa; eu sou anti-social mesmo. Mas é foda fazer isso sendo forçado. É diferente quando não é escolha nossa.

Mas o fato de morar no único país do mundo em que o governo achou por bem se aliar à doença, e não ao combate a ela, dá um contraste bem mais trágico a toda a situação. As atitudes do fulano lá e do circo dele foram, no mínimo, de pura incompetência. Mas eu não descarto a intenção maliciosa, não. O cara fez de tudo pra piorar a situação, só falou merda, hostilizou todo mundo, fez deboche, tratou todo mundo como lixo – e ainda assim tem gente que acha que ele está certo. E isso é provavelmente a coisa mais deprimente da situação toda – o fato de que há pessoas que concordam com o que ele fala e faz.

Eu queria – muito mesmo – não ficar falando disso aqui. Mas eu preciso colocar tudo isso em algum lugar. Essa gente mergulhou o país em uma situação tão desgraçada que vai levar décadas até recuperar o prejuízo – econômico e humano.

Some-se a isso a decepção – dessa vez no âmbito pessoal – com algumas pessoas de quem nunca esperei nada de ruim. Uma dessas pessoas me fez crer que haveria uma perspectiva de futuro pra mim numa linha de trabalho que a princípio me interessou muito – a fusão entre ciência e computação, duas paixões. Me decepcionei. Queimei pontes que poderia ter construído e que poderiam ter levado a coisas muito melhores, porque acreditei na promessa da pessoa errada. E quebrei a cara.

A outra decepção veio de um lugar que eu nunca imaginei. Um sujeito que eu conhecia há vinte anos, que de repente se transformou em uma criatura prepotente e arrogante, incapaz do mínimo de empatia ou de compreensão. Nunca esperei isso, mas o cara simplesmente não é mais o amigo que eu tive no passado, com quem cheguei a morar junto. Passamos por muita coisa juntos, apoiando um ao outro – mas eu suponho que às vezes as pessoas mudam, e se não posso fazer nada a respeito de como ele pensa ou age, o oposto também é verdade a respeito de mim mesmo. Paciência. Não imaginei que perderia esse amigo, mas desisti de tentar manter viva uma ligação de via única.

Por outro lado, gosto de pensar que 2020 foi também um ano de crescimento pessoal. Afinal, não foi só coisa ruim que aconteceu esse ano. Eu cresci bastante em termos de vida pessoal, na manutenção de relacionamentos (ironicô, se considerar o parágrafo anterior…), e no que eu quero pra mim daqui pra frente.

Comecei finalmente a me envolver mais com a Debian, e espero poder fazer isso crescer bastante em 2021. Idealmente, eu gostaria de poder remover completamente o Windows da minha vida, mas coisas como o World of Warcraft não facilitam essa empreitada em absolutamente nada. Não existe maneira confiável de rodar o WoW no Linux (nesse sentido, o Lutris é um lixo). Infelizmente eu mantenho a partição do Windows ativa, por causa disso. Todo o resto eu faço no Linux (tá, Kretcheu, GNU/Linux…).

Isso inclui meu novo plano de vida, que é tentar dar algum sentido à minha vida. Já ficou claro pra mim que a carreira acadêmica pra mim acabou; o burnout que eu já sentia quando voltei da Alemanha acabou com qualquer motivação de seguir por esse caminho. Talvez se eu tiver a chance de morar em um país sério de novo isso mude, o que não significa que eu vá ter condições de retomar qualquer coisa, mas enfim… como eu dizia, o ponto agora é tentar implementar um novo caminho. E isso passa pela Ciência da Computação.

Olhando em retrospecto, era o que eu devia ter feito logo de cara. Tirar um ano sabático depois do Ensino Médio, amadurecer um pouco, e só depois prestar o vestibular. Mas eu era meio (bastante!) idiota quando era adolescente (e quem me conhecia na época pode confirmar isso), e estava empolgado com a Física… daí me joguei de cabeça nisso.

Não que tenha sido ruim… eu sempre amei a Física e isso não vai mudar. Mas pensando agora, a minha atração pela computação sempre foi mais profunda e é também mais antiga, e eu devia ter prestado mais atenção nisso. Como não dá pra rebobinar a fita, eu jogo com a mão que eu tenho. E isso significa, pelo menos por enquanto, entrar no BCC. E, eventualmente, seguir por esse caminho. O que vai surgir disso, não dá pra saber. Às vezes me perguntam o que eu pretendo fazer e eu não sei responder; não é preguiça de pensar no que fazer. Eu simplesmente não sou capaz de dizer “vou fazer tal coisa”. Meu cérebro não funciona assim. Eu precisso ver possibilidades, por mais remotas que sejam, pra poder pensar em escolhas e/ou perspectivas. Não dá pra simplesmente dizer “vou fazer XYZ”, tirando as coisas assim, da manga. Eu sou bom em operacionalizar coisas; mas invenção não é lá muito a minha praia. PS: se você é um potencial empregador e por algum motivo veio parar aqui, por favor, tome isso com um grão de sal. Esse tipo de coisa, você deve saber, é extremamente subjetivo e bastante contextual.

Enfim, acho que já escrevi bastante. 2021 está apenas começando, e se por um lado ele promete ser mais um ano merda (já que temos um merda no Planalto), talvez seja um ano de descobertas e oportunidades.

E lá vamos nós.


Comentários

  1. Nossa, e eu nem falei das eleições nos EUA. Que show de horror.

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