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Levante a mão quem nunca tentou o moonwalk

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Não sei qual a média de idade com a qual o gosto musical de uma pessoa começa a se formar. Na minha experiência, isso nem mesmo é algo que se define em algum momento e passa fundamentalmente o mesmo durante a vida – meu próprio gosto passou por várias transformações ao longo dos anos.
Uma coisa é certa, nunca fui um grande fã do pop. Com uma exceção óbvia: Michael Jackson. Não sei dizer ao certo como comecei a gostar da música dele, mas é certo que ela dominou a minha pré-adolescência. Uma das memórias mais claras que tenho daquela época é a de, no intervalo das aulas, ficar ensaiando os passos de dança no corredor da escola, recoberto de azulejo vermelho, bastante liso e propício para deslizar os pés no moonwalk.
Foi ao som das músicas dele, também, que aprendi os primeiros rudimentos do inglês. Quantas horas não pratiquei ao cantar junto com as letras de Beat It, Thriller, Black or White, entre tantas outras! Beat It, em particular, é parte integrante da trilha sonora da minha vida – o riff inicial evoca inúmeras memórias bastante antigas, e sempre traz um sentimento nostálgico.
Com o tempo meu gosto foi mudando e gradualmente acabei me afastando um pouco dessa linha, seguindo outros estilos. Ainda assim, acompanhava à distância as notícias que apareciam a respeito dele, e me entristecia ao ver que, com o passar dos anos, os aspectos mais negativos de sua personalidade começaram a se sobressair sobre seu talento, e considero que a maior parte da responsabilidade sobre essa transformação é de sua família, que não apenas se mostrou incapaz de fornecer o apoio necessário de que uma pessoa na posição dele tanto necessitava, mas deliberadamente o reduziu a uma síntese do seu talento, minimizando a importância de manter um lado “normal”. Além da família, o outro grande culpado foi a mídia paparazzi, esse setor sujo e medíocre da imprensa que sobrevive das desgraças pessoais de pessoas públicas, cujo único objetivo é ganhar dinheiro às custas da privacidade das pessoas, que alimenta as excentricidades e atitudes desconexas de uma “estrela”, aproveitando-se do aspecto triste e perturbador das pessoas que não se contenta em submeter ao mais invasivo dos escrutínios todos os detalhes das vidas privadas das pessoas que cometem o erro de tornarem-se bem sucedidas.
Mas, à parte esse pequeno discurso moralista, não pretendo aqui fazer nenhuma análise da vida ou da morte de Michael Jackson. Quero apenas deixar registrada a marca que ele teve em minha vida, através especialmente da sua música, sem a qual as décadas de 70, 80 e 90 teriam sido completamente diferentes.
Não pretendo acompanhar o espetáculo triste que se seguirá à sua morte, algo que tem se tornado a regra na imprensa mundial e que francamente acho abominável: a idéia de que é necessário divulgar todo e qualquer detalhe que se descubra a respeito de qualquer aspecto que seja remotamente relacionado ao assunto. Acho triste esses plantões de notícias em que detalhes mínimos são revelados, como por exemplo a tal fita com a gravação da ligação para o telefone de emergência. Esse tipo de informação não serve para nada, e só consigo vê-la como justificativa para a existência de mais canais de notícias que é possível acompanhar.
Prefiro me lembrar dele pela sua música, porque no fim das contas, é isso que importa.
Pra finalizar, fico com o twitter de Shanna Moakler: “The hard thing about getting older is watching all those who inspired you pass”.

Comentários

  1. Porra, verdade!!! MJ é muito infância pra mim, eu e meus irmãos dançávamos thriller loucamente na frente da TV… O que só e enche é que quando o cara morre todo mundo vira hiper mega fã!
    Eu nunca fui fã (e acho que quando ele ficou branco, a música virou uma bosta), hj em dia o cara não fazia mais merda nenhuma e ainda acho que foi suicídio XD (mas isso é minha teoria da conspiração).

    Enfim, descança em paz MJ!! Chega de especiais de morte, pelamor!!!! XD

    Beijocas

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