Há um tempo atrás eu postei aqui como estavam os meus planos para o futuro. Naquela ocasião eu ainda estava meio indeciso sobre o que fazer; tinha acabado de me decepcionar bastante com algumas pessoas e por isso estava tentando imaginar o que poderia fazer dali pra frente.
De lá pra cá, minha cabeça mudou várias vezes.
No lado pessoal, eu perdi as esperanças com algumas pessoas. Um sujeito em particular, que por muitos anos considerei um dos meus amigos mais próximos, um cara que eu conheço há mais de vinte anos, fez questão de agir feito um completo imbecil. A decepção foi grande, mas felizmente eu superei.
Se tem uma coisa que os últimos anos me ensinaram foi a filtrar melhor as pessoas com quem eu me relaciono. Pelo menos UMA vantagem este tempo bizarro que temos vivido tem: ficou mais fácil discernir quem vale a pena de quem não vale. Se bem que estamos num estágio que realmente só os fiéis mais fervorosos não são contra o fulano lá no Alvorada; ficar contra ele ficou tão comum que já tem muita gente escrota (e basicamente da mesma laia) que também já protesta contra (estou escrevendo isso logo depois da flopada do protesto do MBL).
2020 terminou de um jeito esquisito. Por causa da esposa (que é enfermeira e tem trabalhado nas UTIs de COVID), ficamos em casa. E o ânimo estava meio em baixa então nem fizemos nada de muito espalhafatoso.
Relembrando 2020
Em 2020, depois da flopada do LFA, eu desisti da Meteorologia. Continuei (e ainda continuo, por enquanto) no curso, buscando umas optativas que eu ache interessante. Bastante coisa da área de Computação, principalmente. Eu sempre curti mexer com computadores então estava buscando entrar no Bacharelado em Ciência da Computação. Uma mudança radical de carreira, saindo da Física pra ir pra Computação. Virar programador? Analista de Redes? Eu não tinha certeza. Mas me inscrevi no vestibular da Fuvest. Seria legal, sendo colaborador Debian, ia encaixar bem.
Pelo menos isso eu consegui (em parte): me envolvi diretamente na Debian, participei da Debconf, comecei a mexer com empacotamento… e continuo fazendo isso até hoje. É algo que eu sempre quis fazer e não pretendo largar agora.
Enfim. Lá fui eu, prestar vestibular em ano de pandemia. Foi meio estranho, a máscara incomoda pra cacete (ainda mais fazendo prova). Dei “uma estudada” e fui fazer a primeira fase. Passei pra segunda.
A seguda fase foi em Janeiro; fui fazer as provas e, pra variar, saí de lá achando que tinha acertado tudo. Daí a gente começa a pensar bem no que fez e começa a perceber os erros. No fim das contas, minha classificação foi bem ruim e eu não cheguei nem perto de ser aprovado; não fiquei nem na lista de espera.
Era de se esperar, eu acho. Fui arrogante de pensar que teria chance de entrar num curso concorrido como o BCC sem estudar nada. E, no fim das contas, não foi uma coisa tão ruim (como vai ficar claro mais pra frente). Fiquei chateado de não ter passado, claro. Pensei em desistir, procurar outra coisa. A esposa insistiu e resolvi tentar de novo. Fiz até inscrição no cursinho (on-line, claro).
Tentando fazer diferente
De lá (maio) pra cá, venho estudando. Não tanto quanto eu gostaria, porque outras coisas ficam aparecendo e requerem atenção. Daí complica tudo; não dá pra simplesmente ignorar tudo e me isolar (uma daquelas coisas que atrapalha quando vc já não é adolescente). E comecei a dar um pouco mais de atenção para algumas matérias que eu deixei de lado no ano passado. História e Geografia, por exemplo.
Lá no fundo, eu me preocupo com Física e Matemática; e pretendo dar um pouco de atenção pra elas também, mas meu problema nesse caso nem é o conteúdo. O problema é a falta de atenção. Sempre escapa aquele detalhezinho maldito que esculhamba a coisa toda.
E então as inscrições para a Fuvest abriram. Lá fui eu fazer minha inscrição, pra tentar de novo entrar no BCC. Enquanto eu olhava a lista de carreiras eu vi ali no meio “Instituto de Física e Faculdade de Medicina” e fiquei curioso. E, ora vejam só, estão formando a primeira turma do curso de Física Médica…
Antigamente existiam “habilitações” no bacharelado em Física. A gente recebia o manual do curso e vinham os blocos de disciplinas que faziam parte de cada uma; assim vc podia escolher as disciplinas que quisesse e, se quisesse a habilitação, sabia quais disciplinas procurar. Mas era só uma habilitação do curso de Física, assim como Astronomia ou Oceanografia Física (hoje em dia tem as duas graduações na USP).
Engraçado que, no meu caminho na Física, eu lidei não apenas com radiação (raios X), algo que é bastante comum na Medicina, como acabei me envolvendo (ainda que tangencialmente) com a área da saúde, por conta do mestrado e do doutorado.
O “plot twist”
Daí mudou tudo na minha cabeça. Eu estava decidido a entrar no BCC e entrar na área de informática. Tinha até feito uns freelas como programador, tinha até mandado uns currículos pra algumas vagas que apareceram por aí (não que tenha adiantado muito, porque eu não tenho experiência comprovada recente pra ser um candidato aceitável…). E o amor pela Física é muito arraigado; sem falar que, entrando no curso, uma quantidade impressionante de matérias eu eliminaria. Afinal, eu já passei por tudo isso…
Não dá pra ter certeza de como isso pode ser, porque eu só pude ver o currículo da Física Médica em Ribeirão. A estrutura do curso em São Paulo ainda não aparece, então não dá pra saber direito como vai ser. Mas dá pra ter uma idéia, pela descrição (muito) resumida que tem na página sobre o curso.
Eu ainda não sei o que pensar sobre isso. Ainda tem tempo até as inscrições fecharem, mas tem uma chance bem grande de eu ir por esse caminho… talvez ele esteja se apresentando pra mim agora porque é a hora certa. Com tanta matéria eliminada (embora eu até esteja pensando em refazer algumas…) eu teria bastante horário livre pra fazer optativas.
Ainda não sei como me sinto de entrar de novo como ingressante na Física, 23 anos depois. Mas, talvez, seja o caminho: ir pra trás pra ir pra frente.
Deixe um comentário