de Finibus Bonorum et Malorum



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O ano em que eu entrei nos “enta”

Toda vez que eu me sento pra escrever esses posts de “year review”, eu fico tentando me lembrar de tudo que aconteceu no ano que terminou. Mas por mais que eu tente me lembrar, 2021 dá a impressão de ter sido um ano em que nada aconteceu.

Claro que isso não é verdade; coisas acontecem todos os dias (eufemismo do século, mas enfim). E mesmo levando em conta coisas realmente significativas, essas aconteceram também.

Mas ter passado o tempo todo “preso” dentro de casa não ajudou em nada a minha saúde mental. Estar desempregado, também não. Não ter sido aprovado na Fuvest foi outra coisa péssima…

Esse lance de tentar entrar de novo na faculdade pra conseguir algum caminho pra seguir é uma situação meio bizarra. Por um lado é o caminho que eu tenho pra seguir em frente, embora exista a possibilidade de aparecerem outras oportunidades. Por outro lado, eu não consigo deixar de me sentir o “tiozão” com crise de meia idade, tentando reviver a juventude se metendo a ser calouro na faculdade de novo.

Dá pra entender esse raciocínio. Meus primeiros anos de faculdade foram muito marcantes, por uma infinidade de razões que escapam ao escopo deste post. Foi uma época de amadurecimento, descobertas e muita evolução pessoal.

E evolução pessoal era algo de que eu precisava desesperadamente, embora eu não soubesse na época. Minha versão adolescente era insuportável, tenho que admitir. Eu era pedante, chato e arrogante. Mas enfim, não é disso que eu quero falar aqui.

O ponto é que eu me sinto tendo a famosa “crise de meia-idade”. Por um lado, por mais que eu não goste de admitir, eu me sinto empolgado em passar de novo por todo o processo de prestar o vestibular e entrar na USP de novo. Por outro lado, esse não é o motivo pelo qual eu estou fazendo isso, e pra ser honesto seria muito melhor pra mim não estar na situação em que esse é o caminho a seguir. Ou, se fosse, seria não por necessidade, mas por ter a vida garantida. Mas isso é outra história.

A verdade é que, apesar de tudo, 2021 foi um ano em que tudo pareceu em suspenso. Foi o “ano que não aconteceu”. Minha vida meio que parou em Maio/Junho de 2020 e eu sei lá quando ela vai continuar.

Eu fui arrogante com relação ao vestibular. Me inscrevi na Fuvest pensando em entrar no BCC, pra recomeçar outra carreira praticamente do zero. Eu tinha alguns planos meio mirabolantes pra envolver a Física ou outras paixões pessoais na minha “trilha” (pra usar o jargão do IME), mas isso não aconteceu. Eu fui arrogante no vestibular. Subestimei a concorrência e acabei não sendo aprovado.

Em 2021, me inscrevi num cursinho. Levei a coisa a sério, assisti as aulas, fiz as revisões… pretendia realmente entrar no BCC em 2022. Daí chegou a época de me inscrever na Fuvest, e apareceu a Física Médica. E não tem jeito: a Física é a pecinha que encaixa no meu quebra-cabeças. Por mais que eu goste de computação.

Acabei me inscrevendo. Todas as pessoas mais próximas com quem falei a respeito demonstraram muito mais entusiasmo com minha opção pela Física Médica do que pelo BCC; isso ajuda a me motivar bastante.

Acho que, para um ano inteiro, é pouca coisa. E o ano de 2021 foi bem deprimente, especialmente olhando pro aspecto do país como um todo. Mas uma coisa que eu ruminei bastante aqui comigo mesmo foi como minhas opiniões mudaram de uma década atrás pra hoje. Acho que eu finalmente percebi a verdade de certas coisas, e tive a coragem de admitir que algumas coisas em que eu acreditava estavam bem erradas. O que é positivo, pois eu nunca deixei de procurar melhorar, então isso é bom. Mas ao mesmo tempo a gente começa a perceber que o futuro é sombrio. E isso é bem deprimente.

Encerrar o ano assistindo “Don’t Look Up” também não ajudou. O filme é um tapa na cara, e chega a ser cômico como as reações a ele são as mesmas que aparecem dentro do próprio filme. Profecia auto-realizante, de uma certa forma.

Mas em 2021 eu me reaproximei de certas pessoas, graças em parte à mudança nas minhas opiniões. Almoços mensais com a ex-orientadora, diálogo muito proveitoso com o ex-conhecido que eu achava meio besta mas que agora eu admiro… com ramificações que já se espalham por 2022, mas isso é assunto para o próximo post.

No fim das contas, 2021 me parece uma vitória de Pirro. O saldo foi positivo, mas a sensação do ano foi de um ano perdido.


Comentários

  1. […] um pouco de autoestima ao fazer disciplinas de primeiro ano. Basicamente, o sentimento que eu tinha antes continuou comigo. Não é algo fácil de descartar; ainda mais depois de tudo que eu já fiz, […]

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